Desabafos...

Os objectivos cruzam-se com sonhos e esbarram nas desilusões. Os sonhos partem de fundamentos quotidianos e terminam para lá do imaginável, no útopico delinear de acontecimentos que nos fariam melhores seres humanos, mas é nas desilusões que se encontra o cerne do ser humano. É na desilusão que aprendemos que aquilo que sempre fomos já não o somos. Que aquilo que sempre sonhámos não passou de isso mesmo, que os projectos não passam de rascunhos de uma mente imaginativa cujos limites se desvaneceram na ténue linha entre o saber e a ignorância, entre a realidade e a utopia, entre o desejo e o querer. E assim, de uma forma ténue e cada vez mais vaga e transparente vivemos, alías, não vivemos..sobrevivemos. E dia após dia, hora após hora, segundo após segundo o tempo que nos resta desliza pelos nossos dedos sem qualquer hipótese de o recuperar, e de uma forma tanto impotente como banal observamos a inevitabilidade do nosso fim atingir o seu auge. A inevitabilidade do bom e do mau. A inevitabilidade daquilo que sempre quísemos mas nunca alcançámos..paz e ausência daquele sofrimento dilacerante...aquele sofrimento que nos vira ao contrário..que nos dá a vontade de gritar..e será nesse preciso momento que a desilusão terá o seu fim..na inevitabilidade do inevitável..