Há
Há criaturas que sofrem realmente,
Há dias em que cada pessoa,
Há em Lisboa um pequeno número,
Há mágoas intimas que não sabemos,
Há momentos em que tudo cansa,
Há muito - não sei se há dias,
Há muito tempo que não escrevo,
Há quanto tempo não escrevo!,
Há sensações que são sonos,
Há sossegos do campo na cidade,
Há um cansaço da inteligência abstracta,
Há um grande cansaço na alma,
Há um sono da atenção voluntária,
Há uma erudição do conhecimento,
Há uma técnica do sonho,
Haja ou não deuses,
Hoje, como me oprimisse a sensação,
Hoje, em um dos devaneios...
Fernando Pessoa - Livro do desassossego
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